domingo, 26 de outubro de 2008

Fazenda Arapoca

Fazenda Arapoca - Além Paraíba/M.G.

Entrevista do criador Geber Moreira em Outubro de 1990, Revista ‘O Cavalo Marchador’ - Ano III, no. 37

"Em 1960, quando julgava uma Exposição em Miracema, no Noroeste Fluminense, deparei-me na pista com um tordilho esbelto, vigoroso e de fisionomia expressiva que, realmente, me deixou obcecado. Não só pelas características raciais, mas sobretudo pela marcha batida, pela elegância com que pateava o chão, pela nobreza do porte, refinado e simétrico, com todas as partes delicadamente reunidas, ossos limpos e lisos, articulações e tendões definidos, andamento fácil e equilibrado.
Na verdade eu estava conhecendo, naquele instante, o grande Chocolate. Marchador exímio, que sabia dosar com segurança o tempo de apoio de cada fase do andamento, proporcionando ao cavaleiro a comodidade inigualável da autêntica marcha batida.
Parti para a compra do animal. Foi coisa muito difícil e concorrida, e que só se consumou, dias depois, pela interferência de Zélio Faria, um amigo comum que conduziu as negociações.
O dia em que Chocolate chegou-me à Fazenda foi dia de festa. Lembro-me que cavalguei por toda a tarde no gozo daquela maciez que se desdobrava pela vadiagem da campina. Intrigou-me o “R” que Chocolate trazia na perna direita. Aqueles eram tempos em que poucos vibravam com o cavalo. Tanto que disputei o Chocolate com um querido amigo e grande empresário que desejava comprá-lo para a sela de sua filha, já tendo decidido pela sua castração. Mas “homens do cavalo” sempre existiram. Éramos um pequeno grupo, na Região, mas muito unidos e amarrados no assunto: Cid Procópio, Evaldo, Erico Ribeiro Junqueira, Pequeno Silveira, Alberi, Messiinha, Miguel Cabreira... Foi, por sinal, o Cabreira quem identificou o criatório. Bom cavaleiro, de grande vivência no comércio de eqüídeos, foi ele quem resolveu a questão ao revelar-me que o cavalo era cria do Sul de Minas, procedente da Fazenda Bela Cruz, titular da marca “R”.
A Curiosidade levou-me até lá, numa viagem difícil – com pernoite no Favacho de Rubens – já que as estradas eram de terra e o tempo de vento e tempestades.
Nessa oportunidade conheci Ivã, selando uma amizade que se confunde com a paisagem e aqueles largos horizontes azulados do Sul de Minas. Foi Ivã quem me conduziu à Bela Cruz.
É interessante registrar nesse depoimento que ao contactar Ivã, após ter descrito a marcha que perseguia, Ivã, com certo desânimo, me afirmou que eu não iria encontrá-la na Bela Cruz, onde a preferência era pelos animais “de toada”, usados nas caças ao veado.
Fui assim mesmo. Queria conhecer o berço do Chocolate.
Lá chegando, numa manhã fria de junho, com o céu enegrecido por uma chuva torrencial, conheci Argentino, um amigo que cultivaria com regularidade. Ele tinha sido colega de meu pai, no Internato do velho Ginásio de Leopoldina (M.G.).
Na oportunidade, falei a Argentino que queria ver sua eguada.
Lembro-me que ele estranhou. Julgou-me a procura de gado leiteiro.
“- Não, Argentino, retruquei, eu quero mesmo é ver a eguada”.
Fomos almoçar (já eram 9h 30 m da manhã), enquanto os peões juntavam as éguas espalhadas pelos campos da Bela Cruz.
Valeu a pena. Lá pelas 11 horas, adentrava o curral chefiado por uma tordilha soberba, o plantel que eu buscava, com a ânsia de um bandeirante que não media esforços para descobrir as esmeraldas do seu sonho e da sua obstinação.

Apartei o que me interessou. Fechado o negócio, Argentino ajudou-me a adquirir as demais éguas do criatório Bela Cruz que se encontravam em mãos dos outros herdeiros. Foi uma peregrinação de meses atrás do Minelli, do Dr. Maciel, do Cornélio, do Vadico, bem como dos proprietários de animais oriundos do rebanho, que guardavam o andamento em marcha batida.
Consegui cerca de 48 éguas. Lindas, estruturadas, marchadeiras, representantes legítimas de um Sul de Minas e que plasmou a Raça Mangalarga Marchador com características próprias, bem definidas e que resistiram a todos os “modismo” e “invencionices”.
Com todo este material genético, fechei o meu criatório. As éguas, como os “pães da Bíblia”, se multiplicaram. São mais de 160, em dias de hoje. Fui de fidelidade, à toda prova, à Bela Cruz. Preservei-lhe o sangue. Divulguei-lhe o sufixo. Cultivei-lhe as qualidades. Dediquei-me à preservação da raça como ela é, sem permitir miscigenação, certo de que um verdadeiro criador de cavalos orienta sua criação por toda vida olhando muitos anos à frente e sem vacilar durante o longo tempo necessário para colher resultados significativos.
Estou gratificado com o trabalho desenvolvido com a minha eguada e meus reprodutores Bela Cruz. Não há hipótese de nascer na Arapoca um Mangalarga que não marche. Os potrinhos de dez dias marcham exatamente como os animais adultos. A marcha é hoje a marca registrada da ARAPOCA.

Ott Adams, célebre criador de cavalos Quarto-de Milha, do Sul do Texas, disse certa vez que “a única maneira de obter velocidade era de se cruzar velocidade com velocidade”. Pois aos companheiros do Mangalarga Marchador digo eu:
“ – A maneira de se obter marcha é a de se cruzar marcha com marcha.”

Foi o que fiz."

Geber Moreira iniciou seu trabalho centenário na Fazenda Arapoca por influência de uma Exposição julgada em Miracema na década de 60. Mais uma vez observamos a forte tradição do cavalo Mangalarga Marchador na cidade de Miracema.

domingo, 12 de outubro de 2008

Boite de Miracema

Boite de Miracema

- 1º. Reprodutriz do Estado do Rio de Janeiro do Ranking 2001.
- 10º. Reprodutriz do Brasil do Ranking 2001.

Boite é oriunda da Fazenda do Angico do criador Alexandre Magno de Paula Ramos, nasceu no ano de 1987 de pelagem pampa de tordilho. Era filha da matriz Íris de Miracema (Triunfo de Miracema x Bandeira de Miracema) no cavalo Incêndio B.R. (Ara Solar x Suzana B.R.). Pelo motivo do reprodutor Incêndio B.R. não ser registrado no definitivo, sendo apenas controlado, Boite foi colocada como sendo filha do Espião da Gironda x Boite de Dema para obtenção do registro. Como na época existia uma grande recriminação por animais de pelagem pampa, Boite logo cedo foi descartada da Fazenda do Angico, sendo vendida em leilão realizado na cidade de Santo Antônio de Pádua, onde foi adquirida pelo criador Edílson Silva de Oliveira (Haras Horeb).
Na tropa Horeb Boite teve como produção: Ametista Horeb (x Chimarrão do Simão), Talismã Horeb (x Corsário do Rancho Alto) e Fantasia Horeb (x Corsário do Rancho Alto). E foi com pampa de trodilho Talismã Horeb que Boite ficou conhecida nacionalmente.
Talismã Horeb iniciou sua carreira em pista já com idade avançada, mas se tornou o 1º. melhor cavalo do Estado do Rio de Janeiro e 3º. melhor cavalo do Brasil do Ranking de 2001. Com esses títulos, Boite se tornou a 1º. Reprodutriz do Estado do Rio de Janeiro e ficou entre as dez melhores matrizes do Brasil do Ranking de 2001.

Talismã Horeb (Corsário do Rancho Alto x Boite de Miracema)

- Campeão Nacional de Marcha em Belo Horizonte/01 M.G.
- Reservado Campeão Nacional C.B.M. em Belo Horizonte/01 M.G.

Filhos da Boite registrados na A.B.C.C.M.M.:
- Ametista Horeb (x Chimarrão do Simão)
- Talismã Horeb (x Corsário do Rancho Alto)
- Fantasia Horeb (x Corsário do Rancho Alto)
- Potira da Sabe (x Corsário do Rancho Alto)
- Justiça do Pomba (x Corsário do Rancho Alto)
- Laís do Pomba (x Corsário do Rancho Alto)

Boite foi mais uma das grandes matrizes criadas em Miracema sendo destaque nacional no mundo do cavalo Mangalarga Marchador.
Boite de Miracema: Reg. 030856 - 6 (RUM)
Criador: Alexandre Magno de Paula Ramos (Fazenda do Angico - Miracema/R.J.)

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Brinquedo do Porto Azul

Brinquedo do Porto Azul

- Campeão Nacional Cavalo Sênior em Belo Horizonte/90 M.G.
- Grande Campeão Nacional da Raça em Belo Horizonte/90 M.G.

Nascido em 1979 no tradicional Haras Porto Azul, Brinquedo foi mais um dos grandes campeões criados pelo Sr. Newton Sturzeneker. Seu pai, M.R. Tirano (Malu Bolero x M.R. Cascata), foi um dos grandes reprodutores utilizados na tropa Porto Azul, deixando importantes animais como: Bartira do Porto Azul (x Indigena da Gironda), Bailarina do Porto Azul (x Brejaúba do Porto Azul), Bandeira do Porto Azul (x Ara Loteria), Bandoleira do Porto Azul (x Paulistana do Porto Azul), entre outros.
Brinquedo foi consagrado em alguns campeonatos que participou, mas foi no ano de 1990 que conseguiu se tornar o melhor cavalo da raça ao sagrar-se Grande Campeão Nacional da Raça em Belo Horizonte/M.G., tendo como Reservado Grande Campeão Jaguar H.B. (Herdade Cadilac x Esperança H.B.).
Foi sob propriedade do criador Álvaro Geraldo Leite Lima (Haras do Pomba - Santo Antônio de Pádua/R.J.) que Brinquedo espalhou sua produção na região.

Animais de destaque nascidos no Haras do Pomba:
- Autêntica do Pomba (x Cachoeira Alegre Congada)
- Avestruz do Pomba (x Dinâmica do Velho Pinheiro)
- Cantata do Pomba (x E.E. Genova)
- Cigarra do Pomba (x Rancheira de Olofote)
- Codorna do Pomba (x Carina da Sayonara)
- Danúbio do Pomba (x E.E. Genova)
- Gaivota do Pomba (x Dinâmica do Velho Pinheiro)
- Mistério do Pomba (x Dama da Mutuca)
- Nevada do Pomba (x Hidra da Amizade)
- Poema do Pomba (x Fantástica do Colibri)
- Sabiá do Pomba (x Camponesa da Amizade)
- Vedete do Pomba (x Diadema da Cachoeira Nova)
- Tulipa do Pomba (x Camponesa da Amizade)

Outros importantes animais filhos do Brinquedo do Porto Azul merecem ser citados: Acadêmico Argelino (x Teimosa G.Q.G.), Agenda do Trevo (x Espanha da Skandia), Apache Vale do Brinquedo (x Gasolina Vale do Paraiso), Fortuna de A.L.B. (x Bela 33 Ranger), Gália da Amizade (x Zoraia da Amizade), Huiraúna da Amizade (x Bela da Amizade), L.M. Anirak (x Karina G.Q.G.), Linda de A.L.B. (x Bela 33 Ranger).
Os criadores Faramarz Segalechfar (Fazenda Santa Maria do Vale Doce - Mar de Espanha/M.G.) e Enoch Lima (Haras Campestre das Palmeiras - Laranjal/M.G.) utilizaram largamente o reprodutor Brinquedo em seus criatórios, produzindo grandes animais.

Brinquedo do Porto Azul foi um grande exemplar utilizado na região de Miracema/R.J..

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Pedigree do Mês

Jagunço do Ibitiporã

Proprietário: Marcus Leitão Linhares (Haras Inhamal - Miracema/R.J.)